Alguém na plateia perguntava a Richard Zimler quais eram os seus sonhos. “Os meus sonhos são muito banais: continuar a escrever, continuar casado com o Alexandre e ter boa saúde. Isso e um bom peixinho grelhado”, respondeu com a sua típica espontaneidade. Os risos dos alunos presentes no auditório da Escola Secundária Miguel Torga não se fizeram esperar. Este português de Roslyn Heights e norte-americano da Foz do Douro dava uma “não-palestra”, como o próprio definiu, aos adolescentes da escola de Queluz. Muitos apenas o conheciam graças ao livro analisado pela professora Maria Henrique, O Último Cabalista de Lisboa. Trata-se sua primeira obra literária, publicada em 1996.

Richard havia chegado a Portugal seis anos antes. Entrara “pela Serra do Montesinho, em Trás-os-Montes”, como relembra Alexandre Quintanilha, seu companheiro há 40 anos e marido há nove. O casal chegou ao Porto no verão desse ano. Deixavam a Califórnia onde tinham vivido desde a década de 70. Na cidade de San Francisco fica o Café Flore, onde Alexandre não conseguira resistir “ao sorriso aberto nem ao grande nariz” do nova-iorquino, embora admita entre sorrisos que “os seus olhos verdes também ajudaram”.
