De regresso a casa

A hospitalidade da PSP

Às 12:30 em ponto, a viatura oficial parou na Praça da Batalha. A escolta oficial acompanhava o primeiro-ministro ao longo dos seus passos, mas estranhamente, nenhum dos autarcas do distrito do Porto se encontrava presente para o receber. Maltez olhou em volta, perplexo por não haver qualquer dignatário pronto a recepcioná-lo. Mas como todos os político, já tinha um sorriso pronto para disfarçar o seu incómodo, e iniciou a sua caminhada. O batalhão da Polícia de Segurança Pública (PSP) criara dois cordões humanos entre o corredor de passagem do governante e os populares. A PSP tentava conter os manifestantes, enquanto estes levantavam faixas com frases como “Fora Maltez!”, “Isto não é só paisagem!” ou “Maltez, não levas o meu voto nem mais uma vez!”.

@ Paula Costa

Ao atravessar a intercepção da Rua 31 de Janeiro, o primeiro-ministro tentou manter o seu sorriso. Contudo, os gritos de “FORA” vindos da população portuense intimidavam o governante. Subitamente, um jovem que se encontrava atrás dos agentes da PSP agarrou numa pedra que detinha na sua mão e arremessou-a em direcção ao primeiro-ministro. A escolta oficial correu a cercar JC Maltez enquanto os agentes da PSP se preparavam para reprimir a população. Mas para surpresa de todos, a reacção dos batalhão de choque foi bastante diferente: fartos da sobranceria destes governantes, os agentes voltaram-se para o primeiro-ministro e carregaram sobre a sua comitiva. Confusos, os acompanhantes do chefe de governo apenas tiveram tempo de se voltar e correr de volta às viaturas oficiais, enquanto os polícias a e população os expulsavam da “capital nortenha”.

Se o Cordeiro estivesse vivo, já estaria a fotografar este acontecimento com um sorriso nos lábios. Talvez ele esteja a assistir a isto em algum lugar, enquanto aplaude os tripeiros por mandarem o governo de volta para Lisboa.

P.S.: Esta reportagem é fictícia. No meio de tantas reflexões e esperanças sobre o futuro, talvez não seja má ideia deixar um “aviso” sobre o rumo que as coisas podem tomar se não pusermos um fim à macrocefalia (Portugal não é só Lisboa nem o resto é só paisagem). Confesso que o texto tem alguns exageros, mas talvez isso facilite a transmissão da mensagem.
Os nomes e os perfis das personagens não pretendem representar nenhuma personalidade mediática. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.

Originalmente publicado em Novembro de 2020 na Revista Bica

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